“Uma ficção na dobra do mapa” é um reencontro com a memória, a ficção e o corpo como lugar de arquivo. Dez anos depois do primeiro cruzamento entre os dois coreógrafos e bailarinos, a espanhola Elena Córdoba e o português Francisco Camacho, nasce uma nova dobra nesse mapa de afetos e rastos partilhados. Um convite da bienal BoCA para revisitar um gesto inaugural — esse momento em que dois criadores se encontraram não como biografias, mas como vestígios um do outro.

Durante anos, só se conheciam pelas suas peças. O diálogo era indireto, mediado por coreografias, presenças, tensões. Em 2014, o Festival Citemor propôs-lhes um encontro: criar a partir das impressões e detalhes que tinham guardado na memória das peças do outro. O resultado foi uma partilha radical de corpos e percursos — Francisco no corpo de Elena, Elena no corpo de Francisco. Uma ficção construída a partir da dobra sensível entre dois mapas artísticos.

Agora, regressam a esse lugar movente, conscientes de que a memória não é estática e de que o tempo transforma tudo — inclusive o modo como habitamos o que criámos. Esta nova iteração de “Uma ficção na dobra do mapa” não pretende reconstruir o passado, mas observar como ele ressoa hoje. O que permanece? O que se perde? O que se reconfigura? Juntos em palco, os dois artistas focam-se no reencontro com o outro no espelho da criação — uma dança entre ecos, transformações e novas ficções possíveis.