Bienal 2025 – Camino Irreal

Milo Rau, Servane Dècle
O Julgamento Pelicot
Tributo a Gisèle Pelicot

11 outubro

Lisboa – Panteão Nacional Bienal 2025 performance

© Bruno Simão

«A vergonha deve mudar de lado». Com estas palavras, bem como com a sua decisão de tornar público o seu julgamento, Gisèle Pelicot tornou-se um símbolo na luta para acabar com a violência contra as mulheres. O caso de violação ocorrido em Mazan, pequena cidade no sul de França, revela como homens comuns de todas as idades e origens sociais são capazes de cometer um crime desumano: a violação repetida de uma mulher inconsciente.

Concebido como uma vigília performativa, a cena transforma-se num tribunal expandido, onde se reconstrói o julgamento a partir de centenas de horas de testemunhos, provas, entrevistas, análises forenses, registos visuais, colagens e textos académicos. A encenação de Milo Rau, em colaboração com a dramaturga e ativista Servane Dècle, não procura reconstituir os factos, mas criar uma arquitetura de escuta, memória e resistência.

Num tempo em que a justiça é tantas vezes palco de revitimização, “O Julgamento Pelicot” devolve a dignidade da voz a quem foi silenciado. O público, como testemunha, percorre uma topografia emocional e política que torna visível a paisagem do trauma. No cenário simbólico do Panteão Nacional, este projeto devolve à arte a sua função pública: fazer ver, fazer sentir, e, acima de tudo, fazer lembrar.

Sessões

11.10.25

Panteão Nacional, Lisboa

18:00 – 22:30
Encenação, dramaturgia e investigação
Milo Rau e Servane Dècle
Dramaturgia de produção
Nastasia Griese
Participantes / Intérpretes
Albano Jerónimo, Alice Neto de Sousa, Ana Bustorff, Ana Sofia Antunes, André Tecedeiro, António Lourenço Menezes, Bernando Mendonça, Cláudia Semedo, Cristina Carvalhal, Fernando Oliveira, Gaya de Medeiros, Gisela Casimiro, Gui Luz, Isabel Ruth, João Mota, Joãozinho da Costa, Leonor Caldeira, Luca Argel, Maria Fera, Maria João Luís, Mariana Monteiro, Paulo Pires do Vale, Pedro Marques Lopes, Raquel André, Rui Maria Pêgo, Sandra Rosado, Safira Robens, Teresa Gafeira e Valdemar Brito.
Agradecimentos
Aos advogados de Gisèle Pelicot, Stéphane Babonneau e Antoine Camus; às jornalistas Adèle Bossard (Ici Vaucluse), Jean-Philippe Deniau (Radio France), Britta Sandberg (Der Spiegel), Valérie Manteaue, Marion Dubreuil, Lenaïg Bredoux (Mediapart), Le Monde, 604.cafe, Tal Madesta, Helene Devynck, ao perito Laurent Layet, ao procurador Jean-François Mayet, à advogada Kabore, Caroline Darian, às ativistas feministas Justine Le Noac’h e Nellie (NousToustes 84), Morgan N. Lucas, Lola Lafon, Nicolas Hénin, Manon Garcia, Geoffroy de Lagasnerie, investigadores Solenne Jouanneau, Aïcha Limbada, Guillaume Carnino, Baptiste Morizot, Camille Bègue, e Centre Norbert Elias (CNRS- Aix-Marseille Université - Avignon Université) : Dorothée Dussy, Lucille Florenza, Stéphanie Fonvielle, Riwanon Gouez, Mélanie Gourarier, Fatma Hamdoun, Laurence Hérault, Corentin Legras, Céline Lesourd, Perrine Lachenal, MichèleSalord-Lopez, Irène Seriau, e Raphaël Perrin.
Comissão e produção
Festival de Viena (Wiener Festwochen)
Coprodução
Festival d’Avignon
Co-apresentação
BoCA - Biennial of Contemporary Arts (Lisboa)
Apoio à apresentação em Lisboa
MaisFRANÇA - Institut français du Portugal
Duração e classificação
4h30, M/18
Avisos / Alertas
Este projeto contém temas para adultos e linguagem forte.
Obs.
Entrada livre, sem reserva, sujeito à lotação do espaço.
Performance em português.