Libertar estátuas e símbolos do seu peso histórico, erguer novas memórias, enquadrar paisagens destruídas, escrever cartas para o futuro e reverter relações de poder são gestos centrais no manifesto artístico de Kiluanji Kia Henda. Nesta masterclass, o artista angolano conduz-nos pelo seu universo criativo e reflexivo, situado na vanguarda do pensamento anticolonial, propondo uma reflexão sobre como as gerações que cresceram durante e após a guerra ressignificam esses acontecimentos e analisam o impacto da geopolítica na história de Angola. Na sua prática, Kiluanji Kia Henda procura ainda encurtar distâncias geográficas, revelando um passado e uma história comuns que conectam diferentes partes do planeta.
Biografia
Kiluanji Kia Henda (Luanda, Angola, 1979) é artista autodidata, começou por explorar a fotografia influenciado pelo contexto familiar e, desde então, desenvolveu uma linguagem visual que cruza fotografia, vídeo, instalação, performance e escultura. A sua prática artística articula ironia e crítica política, abordando temas como o legado colonial, o modernismo africano, a identidade e a construção da memória coletiva. Em vez de se limitar à factualidade histórica, Henda propõe ficções especulativas que abrem espaço para narrativas alternativas e temporalidades deslocadas.
A sua obra reflete sobre a ocupação e manipulação do espaço público, questionando os processos simbólicos e políticos que moldam a paisagem urbana e o imaginário coletivo, particularmente no contexto pós-colonial angolano. Colabora regularmente com artistas e coletivos da cena artística contemporânea de Luanda, mantendo uma abordagem interdisciplinar marcada por uma forte consciência social.
Recebeu o Prémio Nacional de Arte e Cultura de Angola (2012) e o Frieze Artist Award (2018), e participou em residências internacionais em cidades como Veneza, Sharjah, Arles e Cidade do Cabo. Expôs nas bienais de Veneza, Dakar, Gwangju e São Paulo, e em instituições como o Centre Pompidou, Tate Modern, Zeitz MOCAA, Guggenheim Bilbao e New Museum, consolidando uma presença crítica nos debates globais sobre representação, poder e colonialidade.