Na 5ª edição da BoCA Bienal, o ciclo de performances em espaços naturais “Quero ver as minhas montanhas” regressa com três performances das artistas Gemma Luz Bosch, Isabel Cordovil, e Janet Novás que revisitam o legado de Beuys. Entre Lisboa e Madrid, as suas criações inéditas inscrevem novos vínculos entre arte, ecologia e imaginação.

Fascinada pelas texturas sonoras que o barro pode gerar, Gemma Luz Bosch cria instrumentos de cerâmica que transformam matéria em música. Nesta performance, a artista conduz o público por um percurso íntimo, onde cada vibração desperta a escuta e convida a aterrar num espaço natural no coração da cidade. Um encontro sensorial que funde artesanato, som e paisagem, revelando a poesia escondida na terra moldada.

Biografia
Para perceber o som é necessária uma fonte que faça vibrar o ar e alguém que capte essas vibrações. O trabalho de Gemma Luz Bosch procura dar forma a esse movimento já que, para si, “o som é movimento”. Em 2019, a artista iniciou uma meditação com barro, criando diariamente pequenas peças, menores que a mão, em silêncio e sem distrações. Um dia pensou: “isto poderia fazer som”. Desde então, explora as possibilidades sonoras do barro e da cerâmica, fascinada pelas infinitas texturas que este material natural pode gerar, criando instrumentos e instalações. Partilhar fisicamente o trabalho é essencial na sua prática: as vibrações produzidas pelas peças chegam diretamente ao ouvido do público. Muitas das suas apresentações acontecem ao ar livre, inspiradas e construídas com o lugar. Os sons criados - de barro, água, ar, músicos ou mecanismos - não são o foco, mas um convite a abrir a escuta para tudo o que já ressoa em redor.
Sobre o ciclo “Quero ver as Minhas Montanhas”
Em 2021, no centenário de Joseph Beuys, a BoCA inaugurou o projeto “A Defesa da Natureza”, uma proposta a dez anos que parte da ação 7.000 carvalhos para pensar a ecologia como gesto artístico e coletivo. Inclusivo e participativo, o projeto convida cidadãos a plantar árvores e a nomeá-las, numa prática que prolonga a ideia de Beuys de que “todos podemos ser artistas”. A este gesto inicial sucede-se a criação de performances, encontros e debates, aliando programação artística à criação de espaços naturais. Foi neste contexto que nasceu no mesmo ano o ciclo “Quero Ver as Minhas Montanhas”, com curadoria de Delfim Sardo e Sílvia Gomes. Artistas como Sara Bichão, Diana Policarpo, Dayana Lucas, Gustavo Sumpta, Gustavo Ciríaco, Musa paradisiaca e o coletivo Berru criaram intervenções em paisagens naturais de Lisboa, Almada e Faro.