Bienal 2025 – Camino Irreal

Niño de Elche, Pedro G. Romero
El cante rasgueado
Concerto

4 – 11 outubro

Lisboa – Fundação Calouste Gulbenkian / Anfiteatro ao ar livre, Museo del Traje Bienal 2025 Concerto

Fundação Calouste Gulbenkian, Anfiteatro ao ar livre © Bruno Simão

Encomendado pela BoCA, este projeto junta Niño de Elche — figura ímpar da cena musical e performativa espanhola, de identidade “ex-flamenca” — e Pedro G. Romero — artista visual e investigador, Prémio Nacional de Artes Plásticas de Espanha em 2024 — em torno de um projeto com dois formatos: a conferência-performance, de Pedro G. Romero, e o espetáculo com Niño de Elche e músicos populares da raia ibérica.
Num tempo em que a cultura popular ainda carrega os traços da sua instrumentalização pelas ditaduras ibéricas, este projeto recupera a sua vocação original: mestiça, fluida, permeável ao outro. Ao longo de um período de pesquisa e criação no terreno fronteiriço ibérico, entre Portugal e Espanha, Pedro G. Romero e Niño de Elche procuraram ativar práticas de colaboração que desafiam as formas cristalizadas da tradição, expondo a sua fricção com o presente, e que os transportou do fandango ao tango português ou da viola campaniça à liturgia sefardita. Mais do que recolha ou reinterpretação, este projeto colaborativo propõe um gesto artístico e político: devolver à cultura popular o seu potencial de mestiçagem, de conflito e de reinvenção.

Na raia que separa — ou une — o sul de Portugal, Huelva e a Extremadura, o som opera como um elo de ligação entre geografias e histórias. Aí se escutam o cante alentejano com as suas violas campaniças, o fandango cané de Alosno entoado por grupos de homens sobre o rasgueado incessante das guitarras, ou ainda os tangos e jaleos luso-extremenhos transmitidos por comunidades ciganas.

É neste território permeável que Niño de Elche e Pedro G. Romero desenvolvem o concerto performativo “El Cante Rasgueado”, a partir de um processo de investigação no terreno, junto de músicos e historiadores locais. Mais do que recolher ou documentar, a proposta é um gesto de reinvenção: mapear as linhas de continuidade e fricção entre manifestações populares que coexistem na fronteira ibérica, abrindo espaço a novas formas de escuta, apropriação e encontro.

Neste contexto, cantar ou rasguear não são apenas gestos técnicos ou expressivos — são actos coletivos, formas de estar com os outros. A partir desta premissa, Niño de Elche e Pedro G. Romero reativam o potencial comunitário da cultura popular, recusando leituras folclóricas ou cristalizadas, apresentando um concerto inédito com a colaboração de músicos que desafiam as formas cristalizadas da tradição, expondo a sua fricção com o presente.

Museo del Traje ©Raimundo Pérez-Messina

Sessões

04.10.25

Fundação Calouste Gulbenkian / Anfiteatro ao ar livre, Lisboa

20:00

Estreia Mundial

11.10.25

Museo del Traje, Madrid

18:00, 21:00
Conceção
Niño de Elche e Pedro G. Romero
Direção e interpretação
Niño de Elche
Interpretação
David Pereira (viola campaniça), Guilherme Colaço (viola campaniça), Miguel Vargas (guitarra flamenca), Juan Vargas (guitarra flamenca)
Desenho de Som
Emílio Pascual
Produção executiva
Filipe Metelo
Comissão e Produção
BoCA - Biennial of Contemporary Arts (Lisboa)
Coprodução
CAM - Centro de Arte Moderna Gulbenkian (Lisboa), Museo Nacional del Traje (Madrid)
Apoios
Programação Cultural Cruzada Portugal-Espanha – 50 anos de democracia; Ministerio para la Transición Ecológica y el Reto Demográfico; Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo; Acción Cultural Española (AC/E) - Programa para la Internacionalización de la Cultura Española (PICE).
Duração e classificação
50 min, M/6
Obs.
Lisboa, CAM/FCG: 10€
Madrid, Museo del Traje: Entrada livre, sujeita a reserva e à lotação do espaço