Kiluanji Kia Henda cria, a convite da BoCA, um projeto que assume dois formatos distintos: primeiro, um espetáculo de teatro, apresentado em parceria com o Teatro Nacional D. Maria II; de seguida, uma instalação de grande escala que contempla ativações performativas pontuais, apresentado em parceira com o MAAT.
No deserto angolano, outrora o fundo de um mar, viajantes que retornam às suas terras podem ser alvos de “pemba/mbindi”, feitiço para mantê-los na comunidade sem que estes consigam voltar a partir. “Coral dos Corpos sem Norte”, pensa a migração como um processo da pemba. O ir como um voltar. A viagem como um ficar no sítio. Uma maldição que nos acompanha a cada passo e nos leva de regresso ao ponto de partida. Um caminho de círculos concêntricos sem início e sem final.deste labirinto.
Cabeças que jazem longe dos seus corpos no fundo de um mar. Concebida como um labirinto habitável de grande escala, a instalação é composta por gradeamentos com padrões distintos, numa alusão direta à arquitetura urbana e à chamada “geometria do medo”. Ao criar um labirinto que convida o público a circular e habitar, a instalação de Kiluanji Kia Henda propõe um jogo poético: os visitantes tornam-se estrangeiros ao percorrer um território desconhecido, embarcando numa jornada errante onde nem sempre o caminho escolhido levará o seu corpo ao destino ansiado, à libertação que representa o lado de lá da travessia.
Neste que é o maior projeto do artista angolano Kiluanji Kia Henda em Portugal, a instalação será visitável entre 4 de outubro e 3 de novembro e terá três ativações performativas, de entrada livre, dias 5, 12 e 19 de outubro.
