Reconhecido mundialmente pela sua abordagem criativa e antropológica, o argentino Gabriel Chaile produz esculturas de materiais naturais que trazem uma nova vida à arte contemporânea: criações que têm um impacto no espaço, nas relações e nas comunidades, e que religam as pessoas com os rituais sagrados da comida.
A sua inclui objetos escultóricos como potes e fornos de barro que assumem traços antropomórficos. O artista procura invocar a memória de pessoas e marcos da resistência civil a partir dos rituais comunitários e celebratórios em torno da comida – na sua sabedoria e fazer ancestral, na sua dimensão de cura e na sua multifunção de alimentação do corpo, da alma e dos espíritos.
A escultura-forno “Alcindo Monteiro” é uma homenagem a Alcindo Monteiro, jovem português com origens cabo-verdianas assassinado num crime racista em 1995, em Lisboa, que se tornou num símbolo da luta anti-racista. Depois da sua apresentação em Lisboa, no MAAT / Fundação EDP, a obra viaja até Madrid, ao espaço Esta es una plaza, em Lavapiés, em parceria com La Casa Encendida. Ao longo de três tardes, a instalação é ativada por um programa público, que conta com concertos, performances e, claro, comida.
Ativações performativas, musicais e culinárias
Colaboração entre a BoCA a La Casa Encendida
13 de Setembro
Início na La Casa Encendida às 12h30
Desfile até Esto es una Plaza às 13h, com:
Batucada Batuko Tabanka, Burela/Galiza - Cabo Verde (música)
Batucada Sico Bana, Madrid - Senegal (música)
Refeição: cachupa cabo-verdiana e comida da Guiné Equatorial, por Mayra Adam Chalé
Nesta primeira ativação, contamos com Batuko Tabanka, uma batucada cabo-verdiana de Burela, e a batucada senegalesa Sico Bana, em colaboração com o Espaço Afro e o Sindicato dos Vendedores Ambulantes, para manter viva a memória de Mame Mbaye — um caso comparável ao de Alcindo Monteiro em Madrid/Lavapiés. O percurso começa em La Casa Encendida e continua até Esta es una plaza. O encontro acompanhará a peça de Chaile com cachupa e empanadas argentinas.
20 de setembro
12:30 Agnes Essonti (performance)
13:30 DJ Megane Mercury (música, performance)
Refeição: a partir do trabalho da chef/cozinheira Agnes Essonti
A «Bissaperie», inspirada no pensamento descolonial de Frantz Fanon, é uma performance de Agnes Essonti concebida como um espaço comunitário e horizontal. Através da comida como eixo central, a artista propõe um local de encontro onde as experiências afrodescendentes em Espanha se reconectam com a identidade, a memória e a coletividade. Encerraremos a segunda ativação com Megane Mercury. A sua intervenção em relação à obra de Gabriel Chaile será articulada através de uma exploração sonora na forma de DJ Set, onde os sons das discotecas e as diásporas latina e africana encontrarão pontos de união e divergência através de diferentes ritmos.
11 de outubro
12:30 Gabriel Chaile (artes visuais)
13:00 Estefanía Santiago (audiovisual, performance)
Refeição: empanadas argentinas e pratos de diferentes comunidades do bairro de Lavapiés
A última ativação contará com a participação de Gabriel Chaile, que partilhará o seu trabalho, encerrando assim o ciclo de três encontros, seguido da participação de Estefanía Santiago, que apresentará o projeto «Menjunje», centrado na criação de uma linguagem comum em torno das diferentes gastronomias e receitas das comunidades de imigrantes que habitam o bairro de Lavapiés-Embajadores.