“Conferência dos Ausentes” – Imaginem uma conferência para a qual ninguém se desloca. Uma performance na qual os principais cientistas convidados não aparecem fisicamente, mas são representados por alguém local. No início da apresentação, os artistas locais entram em um ambiente de conferência clássica num palco de teatro, abrem o guião e o espetáculo começa. “Conferência dos Ausentes” é um projeto para o qual a Rimini Protokoll está atualmente a pesquisar. Em Lisboa, será um workshop sobre cooperação global numa crise global. Mas isso acontece localmente – em nome do mundo. E isso acontece offline – com a ajuda do teatro.
Este será um workshop sobre co-autoria de documentários, fantasmas e redação de textos. Mas também sobre execução, instruções e representação planeadas.
A telepresença pode levar a um tipo de processo político e social no qual as regras de representação são alteradas. A tele-performance usa os meios sensoriais e hápticos do teatro, em vez da estética de tela plana das apresentações em PowerPoint.
A vantagem de não estar lá – em geral: não ter que estar em todo o lugar – torna-se um jogo teatral. No centro deste jogo estão as pessoas que se tornam portadoras de ideias. O “eu” deles pode ser comparável ao “eu” de um tradutor simultâneo. Só que eles não traduzem de idioma para idioma, mas de corpo para corpo. E o seu texto não é apenas para eles, mas para todos na sala. Ele escreve essa mesma situação.
Stefan Kaegi
Stefan Kaegi reside em Berlim, produz peças de teatro documentário e trabalha no espaço público em uma variedade diversificada de parcerias e colaborações. Kaegi viajou pela Europa e Ásia com dois camionistas búlgaros e um camião que foi convertido em uma plateia móvel (“Cargo Sofia”). Desenvolveu a “Rádio Muezzin” no Cairo – um projeto sobre o chamamento à oração nesta era da reprodução técnica. Atualmente está a adaptar o “Remote X”, um audiotour para 50 fones de ouvido, a cidades como Taipei e Tunísia, e revisita a instalação interativa “Nachlass”, que retrata pessoas que não têm muito tempo para viver. Assim como o “Uncanny Valley”, um monólogo para um robô humanóide em palco.
Kaegi co-produz trabalhos com Helgard Haug e Daniel Wetzel, sob o rótulo “Rimini Protokoll”. Usando pesquisas, inquéritos públicos e processos conceptuais, eles dão voz a “especialistas” que não são atores treinados, mas têm algo a dizer. Trabalhos recentes incluem as “Situation Rooms”, “100% São Paulo”, com 100 cidadãos locais no palco e a “Conferência Mundial do Clima” – uma simulação da conferência da ONU para 650 espectadores no Schauspielhaus Hamburgo. Atualmente, apresentam “Homevisit Europe” como um jogo performativo interativo com centenas de famílias em todo o mundo e trabalham na sua tetrologia “Staat 1-4” sobre os fenómenos da pós-democracia. O CCCBarcelona e o MAAT Lisboa mostraram recentemente a sua bio-instalação “Win win” em Lisboa. O seu último trabalho, “Utopolis”, para 48 alti-falantes portáteis inaugurou no Manchester Festival 2019.
www.rimini-protokoll.de
