No workshop, que resulta numa partilha pública performativa e uma conferência da artista, no Espaço BoCA, a artista procura trazer uma reflexão contemporânea sobre as relações entre o humano e o que entendemos como natureza, desenvolvendo um ponto de rutura no qual podemos entender que esses dois conceitos podem coexistir. A artista propõe desmontar a visão antropocêntrica da paisagem como algo que o humano tende a habitar ou de que procura tirar proveito, com o objetivo de incentivar o espetador a pensar sobre as relações impostas que desenvolvemos com ela.

Seba Calfuqueo recorre, através da sua obra, à sua herança cultural e experiência de vida como ponto de partida para propor uma reflexão crítica sobre as dinâmicas sociais, culturais e políticas que envolvem o sujeito mapuche na sociedade chilena contemporânea e latino-americana.
A sua prática artística apresenta-se através da performance, instalação, cerâmica e vídeo, com o objetivo de analisar as semelhanças e diferenças culturais entre os cruzamentos das cosmovisões indígenas e o pensamento ocidental, bem como os estereótipos que daí advêm, ao mesmo tempo que enfrenta as imposições coloniais através da investigação e do uso de técnicas e recursos visuais. O seu trabalho também abrange temas como o feminismo, os estudos de género e os direitos ambientais, a partir de uma perspectiva das primeiras nações situada numa visão encarnada.


Sebastiana (Seba) Calfuqueo (ela/eles, nascida em Santiago, Chile, 1991), é artista e curadora trans mapuche no Espacio218 com sede em Santiago do Chile. Também faz parte do coletivo Mapuche Rangiñtulewfü e da Yene Revista.
O seu trabalho faz parte das coleções de museus e galerias de arte como o TATE Modern (Reino Unido), o Centre Pompidou (França), o Denver Art Museum (EUA), o Museu MALBA (Argentina), Museu Thyssen-Bornemisza (Espanha), coleção KADIST (França), Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul - MAC RS (Brasil), Museo Nacional de Bellas Artes (Chile) e MAC (Chile). Participou na 60.ª Bienal de Veneza, na Bienal Whitney, na 34.ª Bienal de São Paulo, na 12.ª Bienal do Mercosul e na 22.ª Bienal Paiz.
Foi premiada pela Fundación FAVA em 2018, pelo Programa de Bolsas Fractal da Eyebeam em 2020, pela Fundación Ama Amoedo’a FAARA em 2023 e pelo Prémio Cuervo da Zona Maco em 2024.