O projeto “Linhas de Tensão. Arte, Dança e Ecologia”, de Daniel Tércio, propõe uma visão de ecologia que não se limite a estudar um domínio estrito dos fenómenos ambientais, mas que, ao associá-los com a arte, e em particular, a dança, alargue o seu âmbito às relações do mundo humano com toda a natureza. Cada encontro é acompanhado por uma oficina de produção imaginativa de ações e coisas possíveis, com cariz inclusivo, orientadas pelo autor e por artistas convidados, e uma conversa em torno do livro “Linhas de Tensão. Arte, Dança e Ecologia”.
A sessão contará com a participação de Daniel Tércio (autor/investigador), Rita Vilhena (performer) e Alix Sarrouy (músico/performer).
Parte 1 – Workshop com Rita Vilhena, das 10h00 às 12h00
Corpo-Planta: Transmissão, Convivência e Escuta Poético-Sensível
Este workshop propõe um mergulho sensível na relação entre corpo, natureza e gesto artístico, através de práticas que activam a escuta, a convivência e a escrita automática. Partindo da ideia de transmissão entre corpos, exploraremos a corporificação do conceito corpo-planta, abrindo espaço para a criação de uma partitura física colectiva enraizada em afectos, atenção e co-presença.
A proposta nasce da urgência de repensar a nossa relação com o planeta. Numa época marcada pela crise ecológica e pela separação entre natureza e cultura, este encontro convida à criação de um espaço de reconexão — com o chão que pisamos, com os corpos que nos rodeiam, com os ritmos da terra e com os gestos de cuidado. Através de exercícios corporais, práticas de partilha e momentos de escrita automática, abordaremos questões ligadas ao Antropoceno, ao ecofeminismo e à escuta como ferramenta poética e política.
O que trazer
-
Uma ou duas plantas de tamanho médio, fáceis de transportar
(serão ferramentas vivas de exploração durante o workshop) -
Roupa confortável e adequada ao movimento, preferencialmente que possa sujar.
-
Disponibilidade para trabalhar descalça/o.
-
Água e um pequeno lanche.

Parte 2 – Lançamento do livro “Linhas de Tensão. Arte, Dança e Ecologia” das 12h30 às 13h30
Conversa com Daniel Tércio e Alix Didier Sarrouy
O livro, com a autoria de Daniel Tércio, está organizado em nove ensaios: floresta; plâncton e baleias; agressão e violência; transformar; transportar; dormir e sonhar; sabedoria-dos-povos-originários; ser-selvagem; e encantar-ressoar. Do livro faz parte ainda um posfácio que convida a um exercício prospetivo: como serão os nossos mundos, como estará a Terra, em 2028? Esta pergunta constitui o desafio para o segundo tempo do projeto: o que podemos fazer desde já?
Exemplares do livro serão distribuídos gratuitamente aos presentes no lançamento e aos inscritos na oficina.
Daniel Tércio
Doutorado em Motricidade Humana – Dança (FMH, 1997), estudou Filosofia (UL), Artes Plásticas (FBAL) e História da Arte (UNL). Foi Professor Associado na Universidade de Lisboa, onde lecionou História da Dança, Estética, Movimento e Artes Visuais, coordenando até 2021 o doutoramento em Dança. Membro da direção do Instituto de Etnomusicologia, foi também cooperante em Timor (2005) e professor visitante em Nice (2012) e na Bahia (2023). Publicou, entre outras obras, “Dança e Azulejaria no Teatro do Mundo” (Lisboa: Inapa 1999) e “Dançar para a República” (Lisboa: ed. Caminho 2010). Internacionalmente, é autor de artigos como, por exemplo, “Martyrium as Performance” (Performance Research, 15 (1) 2010) e (em co-autoria) “Terpsicore. Dance and performing arts archive” (In Dance Data, Cognition, and Multimodal Communication. Routledge). Além dessa produção de cariz académico, é autor literário no género da ficção científica, com obra publicada em Portugal e Brasil. Coordena o TEPe e o arquivo digital BDD Terpsicore. Desenvolve também ações de curadoria, a última das quais no âmbito de Sivestre – Festival de Dança e Artes Performativas.
Rita Vilhena
Rita Vilhena é coreógrafa, intérprete e investigadora em dança contemporânea, com foco em transformação, participação, intuição e prazer. Explora temas como ritual, ecofeminismo, autobiografia e performance, em peças como #VIBRA#DOR, CORPO SANTO, MA-MA e Pela Nossa Pele. Apresenta o seu trabalho em contextos nacionais e internacionais, em países como Holanda, Áustria, Brasil, Egito e Tailândia. Fundou em 2005 a plataforma Baila Louca (Roterdão), dedicada à improvisação, e venceu o Solo Dance Contest (2012), na Polónia. Em Portugal, é cofundadora e diretora artística da Partícula Extravagante, e programadora do palco experimental Partícula no Açúcar. Desde 2005, pratica e facilita Contacto Improvisação, organizando festivais e encontros ligados à prática. Leciona pontualmente em escolas de dança na Europa. É Mestre em Artes Cénicas e doutoranda em Estudos Artísticos na FCSH-UNL, onde integra o grupo de investigação ICNOVA – Performance e Cognição.
Alix Didier Sarrouy
Músico, performer e sociólogo das artes. Investigador integrado no Instituto de Etnomusicologia – Centro de Estudos em Música & Dança, NOVA.FCSH, no qual coordena a linha temática Poder, Política e Ativismo.