A singularidade da voz de Maria Reis no ideário da canção portuguesa contemporânea tem vindo a ser reconhecida através dos prémios da Sociedade Portuguesa de Autores e da Rádio Futura dentro das categorias de melhor disco e melhor música popular. No centro deste percurso está “Suspiro…”, o seu mais recente álbum, que prolonga um ciclo de crescimento entre intimidade e risco, agora marcado por uma maturidade lírica e musical que só a experiência e a escuta atenta permitem. Criado em cumplicidade com o músico e produtor Tomé Silva e gravado na proximidade doméstica de um quarto, o disco é um exercício de contenção e de abertura: um fôlego que parte do interior para se projetar no mundo.

Em palco, “Suspiro…” revela-se como um mosaico de estados emocionais e paisagens sonoras: do sopro íntimo à energia eletrificada, da hipnose dançante ao lirismo de uma honestidade desarmante. Maria Reis encena uma canção expandida que, sendo radicalmente pessoal, convoca um reconhecimento coletivo. Entre guitarras acústicas e elétricas, ritmos depurados e harmonias vocais suspensas, constrói canções que são simultaneamente confissão e convite, cruzando fragilidade e luminosidade pop.

Na BoCA Bienal, o concerto ultrapassa a simples apresentação de um álbum: afirma-se como a celebração de um novo fôlego para a canção — um suspiro que já se ouve como respiração de futuro.