E ainda assim nos movemos. A fragilidade enquanto potência, enquanto lugar poético, é o ponto de partida para uma performance que surge da vontade de deslocar o campo privado para o público. As coreógrafas e intérpretes Joana Castro e Maurícia Neves questionam e reconfiguram a relações entre ambas, tendo como base fotografias de arquivo pessoal de uma relac?ão que encontrou o seu fim.

A imagem como lugar de projeção e de construção. A relação entre os corpos fotografados é reabitada ou talvez não, mas nesta experiência mutante entre o passado e o presente a perceção dessas mesmas imagens transforma-se e ganha novos contornos nos corpos das duas artistas. (des)(re)construindo-se noutras formas de existência, entre a efemeridade e a suspensão prolongada do gesto, a performance convoca um espaço de profunda intimidade e efemeridade e da palavra e o prolongamento do gesto, a performance convoca um espac?o de profunda intimidade quase suspensa, que responde à velocidade do mundo lá fora.
O isolamento social a que foram sujeitas, redefiniu a fala, o olhar, o toque e as emoções. As artistas propõem-se a repensar as relações humanas. Como defende Judith Butler: “o ‘eu’ não tem história própria que não seja também a história de uma relac?ão – ou conjunto de relac?ões – com um conjunto de normas”.
“Uma peça auto-biográfica e política”, que dialoga entre a dança e a performance. Esta é a nova criação de duas artistas que têm vindo a colaborar continuamente desde 2018.