Na fronteira entre as artes sonoras e as artes visuais, o compositor e encenador Jonathan Uliel Saldanha investiga zonas de interseção entre estes territórios artísticos, explorando tensões entre o sintético e a paisagem. As suas criações estão repletas de referências a espaços naturais, que o artista transporta para dentro de espaços artificiais. A BoCA tem mantido uma relação contínua com o artista, tendo co-produzido a performance-concerto “Scotoma Cintilante” (2019) e, na última edição, encomendou e produziu a instalação sonora e visual para a Estufa Fria, “Atavic Machine”. O trabalho de Jonathan Uliel Saldanha tem passado por vários contextos de programação como o CCB, o Palais de Tokyo, a Culturgest e o Teatro Municipal do Porto, ou festivais como Unsound, Le Guess Who?, Sónar ou Primavera Sound.
Vibração, linguagem e timbre são elementos que participam da invenção oracular da música. Partindo da prática de composição de Jonathan Uliel Saldanha serão abordados neste workshop os vetores fundamentais que atravessam o seu trabalho: a contaminação do corpo pela paisagem, a mutação da linguagem, a pressão sonora dos sound systems, o ritmo como catalisador temporal e a alteridade do hiper presente. A partir de uma seleção de peças sonoras (para coro, ensemble, eletrónica e clube), será feita uma análise da sua cosmologia (carne) e contorno plástico (pele), construindo um espaço para a re-invenção da escuta. Explorando os mecanismos dramatúrgicos e cibernéticos que operam os vetores de mutação entre o corpo ressonante, o sangue tecnológico, a contaminação pelos espectros sonoros e o sonho sintético.
