O palco da Sala Garrett do Teatro Nacional D. Maria II transforma-se para receber uma exposição de artes visuais. João Maria Gusmão & Pedro Paiva trabalham em conjunto desde 2001, produzindo filmes, esculturas, fotografias, instalações e antologias de textos que eles próprios descrevem como “ficção poético-filosófica”.
O trabalho de Gusmão e Paiva chama a atenção para a realidade e para o aparecimento da realidade, já que a maioria dos seus filmes são registados em alta velocidade antes de serem projetados em câmera lenta, revelando detalhes normalmente imperceptíveis. Em “Avantesma Fantasma”, este efeito fantasmagórico dialoga com a arquitetura do palco do D. Maria II.
O espetador é convidado a deambular num labirinto de imagens em movimento. Nestas projeções de 16mm podemos encontrar uma representação de teatro Noh, em que o fantasma de um demónio procura explicar o irrepresentável, a experiência da sua própria morte; passageiros adormecidos, filmados em câmara lenta, num Shinkansen (comboio bala) que liga Quioto a Tóquio a 500 km/h, mostrando um mundo detrás das janelas do veículo que parece estar enfeitiçado por uma aceleração contraditória; um projetor filmado a 2000 imagens por segundo, que projeta a sua própria projeção contra um espelho invisível; ou vemos máquinas de cinema por onde imagens aparecem e desaparecem.
Co-produção e fotografias