Uma sala vazia e uma cadeira. Neste lugar de ninguém, José Paulo Sobral de Figueiredo vai descrevendo a sua vida como comando, mercenário e sem-abrigo. O pós-apocalipse segundo Salomé Lamas chama-se “Terra de Ninguém” e recolhe o testemunho de um antigo comando português tornado mercenário. É uma história de violência que começa com a guerra colonial portuguesa e se instala num limbo, numa “terra de ninguém”, entre a realidade e a ficção. Paulo oferece retratos sublimados das crueldades e paradoxos do poder, assim como das revoluções que o depuseram, para erguer novas burocracias, novas crueldades e paradoxos.

A apresentação deste filme poderoso de Salomé Lamas na Igreja de São Pedro de Alcântara oferece um novo olhar sobre este objeto artístico e sobre Paulo, que é entrevistado, que se confessa ao olhar do público e que parece procurar a redenção neste espaço sagrado. A que estará condenado?