O meu corpo é uma ilha. Como ilhas suspensas, somos corpos à deriva entre as leis dos humanos e os desígnios da natureza. 
Simone de Beauvoir disse que ‘ser livre é também querer os outros’.
O pote é um símbolo do mundo. Ao carregar o pote à cabeça, recrio as mitologias. Assumo o lugar de Atlas, propondo uma mulher como pilar que sustém o mundo e o nutre. Mulher axis mundi.
Caminho entre o solo e o céu, entre uns e outros, estabeleço pontes e transito entre mundos.  Será que me vês, será que te desperto a atenção, será que alguém se junta à caminhada? Como te sentes no teu corpo-ilha?
Somos o futuro e o sul é o nosso norte.”
— Jacira da Conceição

Jacira da Conceição é ceramista, escultora e artista visual com raízes em Cabo Verde. Ao insistir nos processos de valorização, nos acordos coletivos de trabalho, na equidade e nas muitas dúvidas sobre a meritocracia, pensa sobre a importância do ser mulher e da utopia como motores de revolução social e cultural.
Numa parceria entre a BoCA e o Futurama, Jacira apresenta a performance “Insularidade” no espaço público de Lisboa, traçando um itinerário que encoraja a desterritorialização-reterritorialização do invisível a partir do pote como objeto simbólico e do percurso na cidade como exploração da subjetividade do caminhante. Entre o (des)equilíbrio entre o presente invisível e o futuro imprevisível, a artista abre caminho ao porvir e à possibilidade do novo, da reimaginação e redefinição de percursos outros, sem centros e sem pontos de partida ou chegada.

 

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