A Defesa da Natureza

“A Defesa da Natureza” é um projeto a 10 anos através do qual a BoCA propõe aliar a criação e programação artística à criação e programação dos espaços naturais. Ao longo de 10 anos, plantações de novas criações (naturais e artísticas), curadorias, debates e conferências em diversas geografias do território nacional, formarão uma floresta de milhares de artistas e de obras de arte. Com base no projeto de Joseph Beuys, “7000 Carvalhos” (1982), a BoCA desenha uma plantação diversa e sustentável, com um modelo que envolve a colaboração de populações locais, comunidades artísticas e comunidades académicas, para se reunirem em torno da plantação de “uma floresta de obras de arte”.

“Todos podemos ser artistas”: a icónica frase de Joseph Beuys é convocada para este projeto como alavanca participativa para elementos de  comunidades artísticas e ditas não-artísticas. Qualquer pessoa que se considere artista, na referência a este gesto criativo de gerar vida, dando um título à sua criação (natural) – a plantação – é convidada a participar.

Joseph Beuys (1921-86) foi, entre outras coisas, um ativista político que reivindicou o poder da arte na mudança da sociedade. Um “ecologista radical”, empenhado em investigar o papel  da arte na criação de novos paradigmas na relação dos seres humanos com o seu meio  natural. Para Beuys, a ecologia não se limitava às preocupações com o meio-ambiente e deveria existir em estreita relação com aquilo que são as nossas concepções de sociedade,  teorias económicas, sistemas políticos, práticas sociais, legislação, controle da informação e  dos meios de comunicação de massas.

Para além das plantações que decorrem anualmente, a BoCA convoca a reflexão e a criação, encomendando a artistas e pensadores projetos para estes espaços, ao longo de 10 anos. Em 2021, propusemos a 7 artistas olharem para o legado de Beuys, ao mesmo tempo que observassem as suas próprias montanhas, resultando em 7 apresentações de novas criações artísticas em espaços naturais. O programa “Quero ver as minhas montanhas”, com a curadoria de Delfim Sardo e Sílvia Gomes, contemplou as criações artísticas “Passeios Verdes” de Diana Policarpo, “Cair Para o Alto” de Dayana Lucas, “Carrossel” de Gustavo Ciríaco, “Monumento Para Amadores – Solar Boat” de Musa Paradisíaca, “0” de Sara Bichão, “Sobre um futuro de coexistência” do coletivo Berru e “Denominação de Origem Controlada” de Gustavo Sumpta. Em 2022, na BoCA Summer School es artistas Mariana Tengner Barros, Gustavo Ciríaco e Pedro Ramos dirigiram um workshop de artes performativas e artes visuais na Floresta de Monsanto, um dos locais onde plantámos árvores.