Thierry De Mey (1956, Bruxelas) é um compositor de música e realizador de cinema, focado em filmes de dança.

Figura emblemática da cena belga desde os anos 80/90, é co-fundador dos quartetos Maximalist! e Ictus. Escreveu para vários grupos musicais e colaborou com vários coreógrafos: Anne Teresa De Keersmaeker, Bob Wilson, Wim Vandekeybus, William Forsythe, Michèle Anne De Mey, Iztok Kovac. Com os coreógrafos Anne Teresa De Keersmaeker, Wim Vandekeybus e Michèle Anne De Mey ele foi bem mais do que um compositor, mas um colaborador íntimo na invenção de “estratégias formais”.

A intuição do movimento ocupa um lugar central no seu trabalho: De Mey desenvolveu um conceito de “Música de gestos” para o qual elaborou um vocabulário e um sistema de notação (“Musique de Tables”, “Silence must be!, “Light Music”,…), apresentado por todo o mundo por quartetos e outros intérpretes de música. O postulado da sua escrita musical e fílmica consiste em “recusar a conceção do ritmo como uma simples combinação de durações no interior de uma grelha temporal, mas concebê-lo antes como sistema gerador de ímpetos de quedas e de novos desenvolvimentos”.

As suas realizações cinematográficas contribuíram para o reconhecimento do filme de dança enquanto forma autónoma. As suas principais realizações e composições aconteceram junto da companhia Rosas danst Rosas (1983, prémio Bessie Awards de Nova Iorque, 1988; Prémio Eve du Spectacle, Bruxelas, 1989), Amor constante (1994), April me (2002), Kinok (1993) (coreografias de Anne Teresa De Keersmaeker); What the body does not remember (1987), Les porteuses de mauvaises nouvelles (1989), Le poids de la main (coreografias de Wim Vandekeybus), Dantons Töd (encenação de Bob Wilson), Musique de tablesFrisking (1987), et Counter Phrases (2005).

Em 1984 funda com Peter Vermeersch o quarteto Maximalist!, grupo de músicos/compositores, para o qual comporá obras tais como Balatum (1984), peça para percussão, composta pela coreógrafa Michèle-Anne de Mey. Participa também na criação do quarteto Ictus, que cria várias das suas peças sob a direção de Georges-Elie Octors. A partir de 1993, Thierry De Mey integra o Ircam (Paris), para desenvolver vários programas de informática musical, dirigir cursos e conferências sobre as relações entre dança e música. É artista residente no Fresnoy em 1998, compositor residente do Festival Musica em Estrasburgo em 2011-2002, e figura central no festival Musique en Scène em Lyon, em 2004. A sua música é interpretada por grandes quartetos (Quatuor Arditti, Hilliard ensemble, London Sinfonietta, Ensemble Modern, musikFabrik, etc.), e as suas instalações, onde interagem música, dança, vídeo e processos interativos, foram apresentadas em contextos diversos, tais como a Bienal de Veneza, Bienal de Lyon e em vários museus de todo o mundo.

Thierry De Mey foi convidado pelo British Council e a BBC para dirigir uma experiência original de dança/televisão, “Dance film academy”, em 2005, no mesmo ano em que o canal ARTE exibe três dos seus filmes. Em 2009, na Biennale 09 Charleroi/Danses cria Equi Voci, políptico de filmes de dança acompanhado por orquestra, e realiza o filme de dança La Valse, com coreografia de Thomas Hauert.

No seu trabalho inclui novas tecnologias no centro do processo criativo, num encontro daquilo que ele denomina as artes presenciais, exigindo a presença física do intérprete, caminho que se expande então ao campo de instalações interativas e participativas. Tem desenvolvido novas criações musicais, filmes e instalações. Simplexity, la beauté du geste, criação para cinco bailarinos e cinco músicos, estreou em 2016 em Bruxelas, no Kunstenfestivaldesart.

O seu trabalho recebeu vários prémios e distinções, tais como Forum des Compositeurs UNESCO, Bessy Awards, vários prémios de filmes de dança, American Guild of Directors, etc.