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ECOTEMPORÂNEOS: SARA BARROS LEITÃO
ECOTEMPORÂNEOS
Este é o projeto que tem juntado personalidades diferentes a pensar os espaços verdes da cidade de Lisboa em relação com a literatura. Agora, em formato online, cada convidado partilha uma fotografia sua numa paisagem natural, relacionando-a com um livro que tenha em casa. Cria-se assim um diálogo entre o interior e o exterior, entre o corpo (confinado na habitação e na fotografia), a natureza e a imaginação. Uma conversa informal via live do instagram na qual a comunidade online é chamada a participar.
Todos os domingos até, pelo menos, 30 de Junho 2020.
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SEMANA 2
3 MAI: SARA BARROS LEITÃO (atriz e encenadora), 16h
Local da fotografia escolhida: “Portugal dos Pequeninos”, Coimbra
Livro escolhido: “Novas Cartas Portuguesas”, de Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa (1974)
Moderação: John Romão
Live Instagram @bocabienal
“O corpo no espaço público. Em 1997, ou 96 ou 98, o meu pai carregava no botão da máquina fotográfica descartável que tínhamos comprado nessa manhã, para registar a viagem familiar que fazíamos a Coimbra, ao Portugal dos Pequenitos. Como todas as fotografias, há um antes e um depois. Há o momento em que nos preparamos (porque esta fotografia não foi desprevenida), e o momento em que desmobilizamos a pose. (Podemos sair de uma fotografia transformados?) Nesta fotografia em particular, lembro-me com especial rigor do antes e do depois, porque o disparo coincidiu também com uma inevitável mudança em mim.
Vinte anos depois, entendi melhor o que se tinha passado, durante uma das leituras que fiz de “Novas Cartas Portuguesas”.
Cruzo um dos livros da minha vida com um acontecimento tão ingénuo quanto marcante na minha luta pelo corpo da mulher no espaço público. Seja na estatuária das cidades, nos nomes das ruas, no lugar de fala, de discussão, de decisão ou de luta. No íntimo que também é público. No corpo como acto político.”
Sara Barros Leitão
Sara Barros Leitão (1990) formou-se em Interpretação pela Academia Contemporânea do Espetáculo e iniciou a licenciatura de Estudos Clássicos na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Trabalha regularmente em televisão, cinema e teatro. Presentemente, trabalha como actriz, criadora, encenadora, assistente de encenação e dramaturga. No último ano destacam-se as encenações dos concertos Trilogia das Barcas (2018), de Gil Vicente, e Rei Lear (2019) de William Shakespeare, coproduzidos pelo CCB e Toy Ensemble; bem como as criações Teoria das Três Idades (2018), coproduzida pelo Teatro Experimental do Porto e Teatro Municipal do Porto, a partir do estudo do arquivo do TEP, e Todos Os Dias Me Sujo De Coisas Eternas (2019), a partir de um trabalho de investigação sobre a toponímia portuense, apresentado no projecto Cultura em Expansão. Feminista, activista por todas as desigualdades ou injustiças, incoerente e a tentar ser melhor, revolucionária quanto baste, artista difícil de domesticar. Usa o espaço de cena, o papel e a caneta como se fosse uma caixa de fósforos e um bidão de gasolina, ou um megafone para contar a história dos esquecidos.