1. A BoCA é solidária com o setor artístico
O setor artístico apresenta fragilidades enormes, devido à natureza precária do setor, acrescida de circunstâncias novas, como os trabalhos que foram cancelados devido à crise epidémica provocada pelo COVID-19.
A BoCA afirma a fundamental importância de que toda a atividade artística tem de ser remunerada e, perante o cancelamento de atividades culturais que garantem o financiamento e sobrevivência daqueles que compõem o setor artístico, a BoCA inaugura uma plataforma de crowdfunding para o qual mobiliza os agentes de todos os setores da sociedade representados no espírito da BoCA, com o objetivo de apoiar financeiramente aqueles que estão há menos tempo no mercado de trabalho e em situações precárias: artistas, técnicos e produtores culturais, de qualquer território artístico, até 35 anos.
O total das receitas deste crowdfunding reverterá inteiramente para os ajudar.
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2. Apresentação BoCA
A BoCA – Biennial of Contemporary Arts é um projeto dedicado à produção e programação de práticas artísticas contemporâneas, fundado em 2015 e sediado na cidade de Lisboa. Com direção artística e programação de John Romão, a BoCA quer contribuir de forma consequente para a reflexão sobre o entorno sociocultural contemporâneo e tem a vocação de apoiar os processos de construção artística do presente e do futuro. A BoCA estabelece uma sinergia inédita entre instituições culturais (teatros, museus, galerias, património cultural, discotecas), territórios artísticos (artes cénicas, artes visuais, performance, música) e os seus respetivos públicos. Divide a sua atividades entre a produção de objetos artísticos, a programação da bienal internacional de artes contemporâneas e do seu programa educativo, e a circulação nacional e internacional de criações artísticas, maioritariamente de artistas portugueses. Para além de Lisboa e do Porto, programou ciclos e objetos artísticos em Braga, Castelo Branco, Viseu, Almada, Águeda, Moita, Coimbra, Montemor-o-Novo, Buenos Aires, Santiago do Chile ou Banguecoque.
Trabalhou com artistas como Marina Abramovic, William Forsythe, Meg Stuart, Vhils, Marlene Monteiro Freitas, Gonçalo M. Tavares, Os Espacialistas, Salomé Lamas, João Pedro Vale & Nuno Alexandre Ferreira, Angélica Liddell, João Pedro Rodrigues & João Rui Guerra da Mata, Mathilde Monnier, Romeo Castellucci, Tânia Carvalho, Pedro Barateiro, Horácio Frutuoso, Florentina Holzinger, Adolfo Luxúria Canibal, Cecilia Bengolea, André Romão, Gabriel Ferrandini, Diana Policarpo, Mariana Tengner Barros, Arca ou Jonas & Lander.
A BoCA tem colaborado com várias instituições culturais nacionais, sobretudo da cidade de Lisboa, como o MAAT, Fundação Calouste Gulbenkian, Centro Cultural de Belém, Museu Nacional de Arte Antiga, MNAC – Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, Teatro Nacional D. Maria II, Teatro Nacional São João, Teatro Nacional São Carlos, Museu Nacional dos Coches, Museu Nacional Soares dos Reis, São Luiz Teatro Municipal, Teatro Municipal do Porto, Galerias Municipais EGEAC, Cinema São Jorge, Cinema Ideal, Casa das Artes, Passos Manuel, Maus Hábitos, entre outros.
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3. Imprensa: a BoCA e o seu gesto solidário para com o setor artístico têm usufruído de um enorme destaque na imprensa. Partilhamos alguns dos artigos.
De resto, numa altura em que se discute a situação cada vez mais fragilizada dos profissionais da cultura e a remuneração das actividades desenvolvidas para o online, John Romão faz questão de sublinhar que os artistas que participam no BoCA Online estão a ser pagos. “Para mim, isso é fundamental e também faz parte do tentar perceber como é que a criação e a experiência artísticas se podem manter vivas, mesmo que seja no plano digital.””
Em tempos de urgência e crise a BoCA Online confia na capacidade de consolo e de regeneração da arte
Importante: a BoCA Online faz questão de remunerar todos os que nela participam; lançou, ainda, uma plataforma de crowdfunding internacional, com o objetivo de apoiar financeiramente artistas, técnicos e programadores culturais, até aos 35 anos de idade, em situação de comprovada precariedade.”
“Além de novas parcerias com instituições como a Fundação de Serralves ou o Tate Modern, a bienal vai lançar um crowdfunding para apoiar profissionais das artes em situação de carência financeira. Em troca de actividades gratuitas – todas financiadas pela BoCA –, o público pode contribuir para que os artistas tenham condições para viver (e, mais tarde, voltar a criar).”
“Paralelamente ao início da programação do BoCA Online, a Boca anunciou, numa nota intitulada “Somos solidários com o setor artístico”, uma plataforma de crowdfunding internacional “com o objetivo de apoiar financeiramente artistas, técnicos e produtores culturais, de qualquer território artístico, até 35 anos, em situações de comprovada precariedade”. A eles destinar-se-á o total das receitas angariadas no crowdfunding. Segundo a bienal, brevemente será disponibilizada online informação sobre o processo de candidaturas para beneficiar deste apoio.”
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4. Um novo ciclo de emergência que inicia em Abril de 2020 e sem data de término – BoCA Online
Descubram o texto completo aqui http://www.bocabienal.org/programa/bocaonline/
“O contexto de paralisia mundial que hoje vivemos, causa da atual crise pandémica, pode servir a oportunidade para descolonizar o nosso imaginário e repensar modelos de comunicação, de produção e de apresentação performativa que, nascidos nas urgências específicas deste contexto crítico, possam ser consequentes e se possam prolongar no futuro.
Mais do que medidas de recurso que advêm da impossibilidade do cumprimento “normal” de um plano de atividades, a BoCA constrói de raiz um programa de reflexão sobre o estado do mundo e sobre as arquiteturas do sensível que habitamos agora: o corpo, a casa e a câmera. Estes elementos são referências centrais da história da experimentação artística, que liga o corpo performativo à tecnologia e ao espaço doméstico, a que hoje estamos circunscritos e que nos interessa problematizar neste ciclo.
Trata-se de um ciclo de programação que tem lugar online (não-lugar) e uma duração em aberto (não-tempo), porque solidária com o setor artístico e com os públicos, com os quais pretendemos partilhar diariamente um espaço e um tempo comuns, na reflexão e na criação artística.
Estamos solidários com todo o setor artístico (artistas, técnicos, produtores, curadores, programadores,…), o qual convocamos para se juntar a nós neste ciclo de programação, que espero que contribua para uma maior união entre nós, os públicos e os outros setores da vida social, política ou ecológica, capazes de analisarmos o presente e de semearmos esperanças que nos protejam e fortaleçam um futuro por vir. Por agora, a esperança está no afeto, em nos protegermos e cuidarmos, tal como a nossa família, amigos e comunidade artística; a esperança está em desenvolvermos uma política do afeto e da solidariedade, apontando linhas novas de cooperação cultural; a esperança está também em refletirmos durante, pelo menos, dois meses e meio, sobre as nossas práticas a partir de um lugar de suspensão forçada que habitamos, e sobre as novas possibilidades que as nossas práticas poderão beneficiar, tendo em conta o contexto atual. Não será difícil antever as práticas artísticas futuras com uma pulsação vital potente e a marcar várias gerações. Vamos contribuir para isso?”
– John Romão
Fundador, diretor artístico e programador da BoCA