Braga e Penafiel: A Defesa da Natureza chega ao norte de Portugal
Pensar os espaços naturais como espaços de criação e experiência artística é o principal objetivo d’ A Defesa da Natureza. Projeto desenvolvido pela BoCA – Bienal de Artes Contemporâneas, desde 2021, aproxima comunidades locais e artísticas, chamando-as a contribuir para uma floresta de obras de arte. Depois de ter passado por Faro, Almada e Lisboa, chega agora ao norte Portugal, em parceria com os municípios de Braga e Penafiel. No dia 16 de novembro, às 9h, há encontro marcado no auditório do novo espaço de cultura e criatividade em Penafiel, o Ponto C. E na semana seguinte, a 22 e 23, acrescentam-se 100 árvores e arbustos àquele que já é o maior parque urbano de floresta autóctone do país, o Monte Picoto, em Braga.
Inspirada pelo legado de 7.000 carvalhos de Joseph Beuys (1921-86), figura incontornável da arte ecológica, que também defendia que “todos podemos ser artistas”, a BoCA começou a desenhar um projeto – inclusivo e participativo, com um horizonte de dez anos e em diferentes geografias nacionais -, de plantações enquanto exercícios de cidadania. Inclusivo e participativo, convida, num primeiro momento, todos os cidadãos – independentemente da idade ou da apetência para a jardinagem – a plantar uma árvore e atribuir-lhe um título. O que se segue é a convocatória a artistas e curadores para performances, eventos, debates ou conferências; aliando a programação artística à criação de espaços naturais.
A Defesa da Natureza arrancou em 2021, envolvendo os municípios de Lisboa, Almada e Faro. Por exemplo, no Vale de Chelas na capital portuguesa, em 2022, 122 participantes ajudaram a plantar 580 espécimes (entre sobreiros, azinheiras, amendoeiras, alfarrobeiras e pereiras bravas). E ali se regressou, no dia 23 de março deste ano, para assentar em terra firme um total de 450 carvalhos, medronheiros e alecrim.
No que toca à intervenção artística, a BoCA convidou Delfim Sardo e Sílvia Gomes a intervir com a curadoria de Quero Ver a Minha Montanha, um ciclo de performances em espaços naturais. Gustavo Sumpta apresentou a sua Denominação de Origem Controlada, Gustavo Ciríaco levou-nos no Carrossel, os Musa paradisiaca criaram um Monumento para Amadores – Solar Boat, Diana Policarpo indicou o caminho por Passeios Verdes, os Berru contribuíram com Matéria Fluida, Dayana Lucas mostrou que é possível Cair para o alto e Sara Bichão levou um bloco de gelo, que ia derretendo pelo caminho, a atravessar o Tejo num barco a remos, entre Belém e a Trafaria.
Iniciativas que, a um horizonte de dez anos, se traduzirão em plantações de criações – naturais e artísticas – com impacto a vários níveis: social, cultural e ambiental. E a missão de defender, através de um ativismo cidadão, educativo e artístico, a natureza ao nosso redor.